Conhecidos como hackathons, os eventos são fonte de ideias e diversidade profissional para graduação e pós-graduação.

AGENTES PII INTERNA

Photo by Hans Peter Gauster

Tudo começou em dezembro de 2015 e durou 48 horas. Era o tempo disponível para criar soluções para os integrantes do Comitê Olímpico Brasileiro. Parece curto mas foi possível! Nove meses antes dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, acontecia a primeira oficina de inovação da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a Clínica Olímpica.

Inspirada na primeira Olimpíada a ser realizada no Brasil e nos hackathons, a oficina contou com a participação de mais de 30 pessoas, entre estudantes, técnicos e docentes da Unifesp que formaram duas equipes com biólogas, psicólogos, programadores, designers, educadores físicos e médicos. Além da agilidade, a multidisciplinaridade é outra característica desses eventos.

O termo hackathon nasceu em 1999, juntando os termos hack (hackear) e marathon (maratona) - referência à intensidade - tendo como protagonistas programadores, designers e outros profissionais unidos para explorar dados abertos, desvendar códigos e discutir ideias para desenvolver projetos e soluções.

Os eventos acontecem em espaços que inspiram a criatividade e produzem uma grande diversidade de soluções, sendo um excelente atrativo para empresas que buscam soluções rápidas e inovadoras. A pandemia não tirou o brilho desses eventos e, justamente pela fase desafiadora que o mundo passou em 2020, eles bombaram na internet.

"Fazer parte de uma equipe com profissionais diferentes com culturas distintas me fez perceber que sempre há mais de uma opção, basta usar a criatividade.", explica Sylvia Maria, bióloga e comunicadora da agits que participou de três oficinas de inovação em 2020 e da Clínica Olímpica.

Ambientes de criatividade

Os eventos presenciais acontecem em salas sem cadeiras e com um quadro branco com pincéis coloridos e post its; as janelas têm vista para o jardim, puffs e música para relaxar, alimentação e internet com alta velocidade estão no pacote. O que pode parecer um spa é o cenário ideal para o processo dinâmico de criação: um ambiente físico com móveis modulares permite que cada equipe monte seu próprio espaço, não à toa, os coworkings são personalizáveis.

Sem essa abordagem no ambiente online, as oficinas trouxeram mais desafio para a comunicação, intensificando a necessidade de ferramentas de gerenciamento de projetos: metodologias Kaizen, Scrum, Gráfico Gantt e o Slack para comunicação e sessões de brainstorm. Profissionais e estudantes das áreas de tecnologia e de negócios estão familiarizados com essas ferramentas, diferente de outras áreas que não possuem esse tipo de experiência durante a graduação. Daí a necessidade de expandir essa vivência para outros campos do conhecimento. Ao chegar no mercado de trabalho, é comum pós-graduandos não conhecerem o "Método de Caminho Crítico" ou o "Modelo Canvas".

Ciente disso, a Agência de Inovação Tecnológica e Social, agits, realizou sua primeira oficina em março de 2021: o Hackagits. Com o tema "Soluções para nutrir o futuro", o evento contou com a participação de 120 estudantes de graduação e pós-graduação de todas as áreas da Unifesp, sete empresas, duas plataformas de comunicação, três palestras preparatórias e mentoria do Sebrae. Tudo isso em 48 horas!

Seis equipes criaram soluções para embalagens, dicas de nutrição para população idosa, conexão de produtores orgânicos e reaproveitamento de alimentos. A banca foi composta por docentes e representantes das empresas parceiras. Três grupos receberam um mês de mentoria com o Sebrae: Oásis, com a solução de combate à desertificação alimentar, 100 Embalagens com a solução Suco Empólpa e Jiló do Bem com a solução Conectcook.

"O Hackagits trouxe algo muito além do aprendizado teórico, pois no evento pude trabalhar na prática competências que foram desde a comunicação, passando pela oratória e até habilidades de escrita. Portanto, a experiência no evento foi extremamente significativa, abrindo portas da mente que jamais serão fechadas", explica Ariel Moreira Silva, um dos finalistas do evento.

De acordo com o relatório da McKinsey de 2020, "diversidade étnica e de gênero em times de decisão é mais importante do que nunca". A diversidade na formação acadêmica e experiências de vida são igualmente importantes para que soluções rápidas sejam alcançadas e quem trabalha com inovação - e na área de inovação - não pode fugir disso.